Quando partimos há doze anos da Cidade de Nome de Deus de Macau, partimos com incertezas e ansiedade pois não sabíamos o que nos esperava na velha Europa, na nossa Pátria Mãe Portugal.
Várias certezas trazíamos em mente, jamais teríamos a vida fácil que tivemos em Macau, sem preocupações com dinheiro, emprego e até a mínima coisa como uma empregada para nos fazer as pequenas coisas do dia a dia....
Não que não acreditasse no futuro da terra onde nasci eu e os meus filhos, mas a vontade de partir era imensa, estava a sentir enclausurada nos 27 km2 e no apartamento onde vivíamos, o ar era demasiado pesado com os automóveis que passavam todos os dias, dos ar condicionados, sentia que tínhamos tudo e que não tínhamos nada, não era a vida que eu queria, muito menos para os meus filhos, faltava-me qualquer coisa!
Portugal foi uma aposta com um plano a seguir, não foi um mar de rosas mas saiu muito melhor do que imaginava, de tudo que ouvimos falar de mal, começamos com muito cuidado a nossa nova vida na Republica, ao contrário de muitos, nunca vivi fora daquela terrinha pequenina e protegida que foi Macau...
Não parti com saudades, em 1997, já restava pouco de Macau da minha infância e adolescência, mas havia lugares que visitava com gosto e ternura, sempre com muito carinho dos amigos macaenses de etnia chinesa.
Amanhã fará 10 anos que Macau foi entregue à RPC, tão depressa passaram esses 10 anos, inacreditável!
Fui visitando Macau durante esses anos todos, foi crescendo até tornar numa cidade moderna com arquitectura fora de série, tudo rande e luxuoso se encontra na RAEM. Como visitante acho bonito e interessante, como filha da terra sinto um aperto enorme no meu coração porque tudo de que amava da terra que me viu nascer desapareceu, não a reconheço em lado nenhum, nem ela nem as pessoas que nela habitam, sensação de perdição foi pouco agradável na ultima vez que visitei...
Hoje olho para trás e parece que sempre pertenci aqui onde estou...estranha sensação mas é verdade...acho que aconteceu-me o contrário dos meus amigos que adoptaram Macau como a sua terra, eu adoptei e amo Portugal.
Parece que vivi duas vezes! É muito interessante, como de uma pessoa desconhecida, tornei em quem sou nesta minha comunidade que pouco sabem do meu passado e que gostam de mim por quem sou. Começar uma vida nova pode ser muito interessante.
Que os próximos dez anos sejam muito bons para RAEM e a sua gente, que a liberdade e a democracia acompanhe o seu crescimento pois ó assim que todos poderão ser feliz.
Sem comentários:
Enviar um comentário