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sábado, 29 de janeiro de 2011

Crónica da Realidade....





Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê: 

- É sempre assim, esta auto-estrada? 

- Assim, como? 

- Deserta, magnífica, sem trânsito? 
- É, é sempre assim. 
- Todos os dias? 
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente. 
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram? 
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto. 
- E têm mais auto-estradas destas? 
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me. 
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões? 
- Porque assim não pagam portagem. 
- E porque são quase todos espanhóis? 
- Vêm trazer-nos comida. 
- Mas vocês não têm agricultura? 
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável. 
- Mas para os espanhóis é? 
- Pelos vistos... 
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga: 
- Mas porque não investem antes no comboio? 
- Investimos, mas não resultou. 
- Não resultou, como? 
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou. 
- Mas porquê? 
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos. 
- E gastaram nisso uma fortuna? 
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo! 
- Não, estou a falar a sério! 
- E o que fizeram a esses incompetentes? 
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro. 
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo? 
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km. 
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não. 
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto? 
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações. 
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa? 
- Isso mesmo. 
- E como entra em Lisboa? 
- Por uma nova ponte que vão fazer. 
- Uma ponte ferroviária? 
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa. 
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros! 
- Pois é. 
- E, então? 
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. 
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la. 
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta... 
- Não, não vai ter. 
- Não vai? Então, vai ser uma ruína! 
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras? 
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa! 
- E vocês não despedem o Governo? 
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo... 
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro? 
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade. 
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia? 
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV. 
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter? 
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. 
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás: 
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê? 
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa. 
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo? 
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado. 
- Não me pareceu nada... 
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP. 
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível? 
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido. 
- E tu acreditas nisso? 
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo? 
- Um lago enorme! Extraordinário! 
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa. 
- Ena! Deve produzir energia para meio país! 
- Praticamente zero. 
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber! 
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha. 
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso? 
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais. 
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada? 
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor. 
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente: 
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos? 
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez. 
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou: 
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém! (Miguel Sousa Tavares)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vamos descontrair....

Em São Paulo, um cara passou mal no meio da rua, caiu, e foi levado para o setor de emergência de um hospital particular, pertencente à Universidade Católica, e administrado totalmente por Freiras. Lá, verificou-se que teria que ser urgentemente operado no coração, o que foi feito com êxito. Quando acordou, a seu lado estava a Freira responsável pela tesouraria do hospital e que lhe disse prontamente:
- Caro Senhor, sua operação foi bem sucedida e o Senhor está salvo. Entretanto, um assunto precisa sua urgente atenção: como o Senhor pretende pagar a conta do hospital? O Senhor tem seguro-saúde?
- Não, Irmã.
- Tem cartão de crédito?
- Não, Irmã.
- Pode pagar em dinheiro?
- Não tenho dinheiro, Irmã.
- Em cheque, então?
- Também não, Irmã.
- Bem, o senhor tem algum parente que possa pagar a conta?
- Ah... Irmã, eu tenho somente uma irmã solteirona, que é freira, mas não tem um tostão.
E a Freira:
- Desculpe que lhe corrija, mas as freiras não são solteironas, como o senhor disse. Elas são casadas com Deus!
- Magnífico! Então, por favor, mande a conta pro meu cunhado!
E foi então, que nasceu a expressão: "Deus lhe pague".



Inconsciência extrema!!!



Jovem inconsciente, por acaso escapou desta mas como escapou com certeza irá experimentar outros maluqueiras...coitados de quem gosta dele...

Tudo na mesma!

Puff! Acabaram as eleições, ficamos na mesma....esperança para melhorias são nenhumas, factor de surpresas são nenhumas a não ser pelas piores razões...enfim, temos o que merecemos!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Decidi!!! Vou votar na diferença.

Poucos dias faltam para mais uma vez elegermos o nosso presidente da Republica, confesso que nem sequer fui votar da ultima vez...Não consegui! Não gostava de nenhum dos candidatos e não queria dar ao trabalho de ir votar em branco porque neste País, votar em branco não aquece nem arrefece a situação política e assim deixei escolher o presidente que esteve em frente ao nosso destino nesses últimos anos.

O Cavaco para mim é um homem sem sal, indiferente e sem carisma, não que gostasse de Mário Soares mas este é um homem com carisma e de ideias, independentemente do bem ou do mal feito, ainda hoje com a idade que tem é um velhote actual e interessado.

Ainda pensei em gozar no boletim de voto desta vez, pois para mim, não confio em nenhum deles, nenhum me convence e nenhum parece querer guiar o destino do nosso País com humildade e por amor à Pátria, mas não posso dar ao luxo de o fazer, o assunto é sério demais para brincar.

Não quero que o cenário fique igual nos próximos anos, vou ter de jogar e eleger um homem que possa nos dar um fio de esperança, nem que seja só para renovar e baralhar o sistema actual que já está tão tóxico e sufocante.

Fernando Nobre parece-me ser o candidato menos mau, vou arriscar e como diz o Tiririca, pior não fica, de tão mal que estamos mais vale votar na diferença!

sábado, 15 de janeiro de 2011

O que leva uma pessoa a matar outra?


Nos últimos dias tem sido o tema de conversa em todo o lado - o assassinato do jornalista Carlos Castro.

A forma como foi morto e por quem foi morto apanhou o País de surpresa.

A fantasia sexual quando ultrapassa o limite da moral de um ser humano pode ser muito complicado e perigoso…o que será que aconteceu entre essas duas pessoas para que um rapaz de 20 anos cometesse um crime tão macabro?

Intriga-me o acto do rapaz, da forma como o fez…não tenho dúvida nenhuma que ele tivesse sentido um ódio profundo e até repugnação  pelo ser que era o Carlos Castro, de outra forma não lhe teria mutilado e batido sem parar ou será que foi ódio por ele próprio? Por aquilo que se sujeitou e que não era de todo o que queria?…mesmo sob efeito de droga ou álcool é violência a mais para duas pessoas que conviveram pouco mais de dois meses e segndo o que dizem em clima de romance.

O que terá passado? Porquê que o fez? Da maneira como foi feito, são respostas que todos esperam…

É chocante e é muito triste…uma vida que se perdeu e outra que está perdida de forma diferente mas igualmente ´macabra´,  por mais suave que a pena de Renato Seabra possa ser, serão pelo menos 25 anos de liberdade anulada com muito sofrimento nas prisões do E.U.A.

Hoje em dia com 20 anos ainda é uma criança, principalmente rapazes, choca-me pela idade, pela imaturidade deste jovem. Com 20 anos tem-se o mundo para explorar, mas sem pressas nem ambição, tudo tem um preço… por um acto inconsciente acabam duas vidas de uma vez, a tristeza profunda e o desgosto que a família está e irá continuar a sofrer por um deslumbramento curto com um preço demasiado caro por pagar…

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Saudades da escrita....quero voltar!

Tenho saudades de escrever, sinto por vezes que tenho muito para dizer mas nem sempre tenho o tempo e a calma para o fazer...

Partilhar as opiniões que talvez até ninguém queira ler mas existe essa vontade dentro de mim e quero tentar dar mais tempo ao O-Eu-Universo, fazer dele o meu espaço...neste Universo.

Cá estamos em 2011 e o ano promete ser duro, mas talvez não seja tão difícil de ultrapassar como nos querem fazer crer...o nível de vida melhorou bastante ao longo dos anos, habituamos a ter tudo e mais alguma coisa, claro que não existe mal nenhum se trabalhamos, merecemos, mas é certo que também não vamos deprimir com os dias mais duros que virão só porque muitos de nós não vamos passar umas férias ou comprar qualquer coisa que desejamos, há quem esteja em piores situações e se precisamos sempre podemos arranjar mais um ou dois empregos, ficar à espera é que não pode ser!

Desejo a todos que passam por este meu espaço um tranquilo 2011, com muita esperança, saúde e energias positivas!
 
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